Terrorismo Literário

No início do século XXI, a revista Caros Amigos lançou uma série de edições intitulada Literatura Marginal, cujo segundo volume, denominado A cultura da periferia - Ato II, trouxe textos de autores marginais. A seguir, o prefácio, Terrorismo Literário, escrito por Ferréz.
Mó satisfação em agredir os inimigos novamente, voltando com muito mais gente e com grande prazer de apresentar novos talentos da escrita periférica.
Um destaque que tenho que dar aqui e pra Dona Laura que e moradora da Colônia Z3 de pescadores que fica em Pelotas, no Rio Grande do Sul, fui lá, tive a honra de conhecê-la, e ficara para sempre em minha tão entulhada memória o dia em que ela chegou no meu ouvido e falou: “Prazer em conhecer, eu sou Literatura Marginal, pois fui muito marginalizada na minha vida”.
Depois do lançamento foram muitos os eventos que realizamos sobre o tema Literaturas Marginais.
Mas como sempre todos falam tudo e não dizem nada, vamos dar uma explicada. A revista e feita para e por pessoas que foram postas a margem da sociedade.
Ganhamos ate prêmios, como o da A.P.C.A. (Academia Paulista de Críticos de Arte), melhor projeto especial do ano.
Muitas são as perguntas, e pouco o espaço para respostas, um exemplo para se guardar e o de Kafka, a crítica convencionou que aquela era uma literatura menor. Ou seja, literatura feita pela minoria dos judeus em Praga, numa língua maior, o alemão.
A Literatura Marginal, sempre e bom frisar, e uma literatura feita por minorias, sejam elas raciais ou socioeconômicas.
Literatura feita a margem dos núcleos centrais do saber e da grande cultura nacional, ou seja, os de grande poder aquisitivo.
Temos assim duas pessoas de que eu particularmente sou fa e não estou sozinho na admiraçao, estou falando de Plínio Marcos e João Antonio, como autores marginais, ou seja, a margem do sistema, já que falavam de um outro lugar com voz que se articulava de uma outra subjetividade (tá vendo, quem disse que maloqueiro não tem cultura?).
Também não vamos nos esquecer que em São Paulo, no gueto da Boca do Lixo, e no Rio de Janeiro, nas rebarbas da geração Paisandu e do elitismo etílico de Ipanema, se fazia um certo cinema marginal, na periferia dos grupos de vanguarda do cinema novo.
Desse tempo também e o manifesto “Seja Marginal, Seja Herói”, de Helio Oiticica.
Hoje não somos uma literatura menor, nem nos deixemos taxar assim, somos uma literatura maior, feita por maiorias, numa linguagem maior, pois temos as raízes e as mantemos.
Nao vou apresentar os convidados um a um porque eles falarão por si mesmos, e ler e verificar.
Afinal, um dia o povo ia ter que se valorizar, então e nos nas linhas da cultura, chegando devagar, sem querer agredir ninguém, mas também não aceitando desaforo nem compactuando com hipocrisia alheia. Bom, vamos deixar de ladainha e na bola de meia tocar o barco.

Agradecimentos a:
Secult-Pelotas,
Guilherme Azevedo,
South,
Garrett,
M. Jolnir.
E a todos os parceiros que tem acompanhado o L.M. e o movimento 1DASUL, tamos de pé graças a vocês.

Paz a quem merece.


Ferréz.





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